Esta corrente. Dos dias que passam quase sem se dar conta. Das horas que nos fogem sem conseguirmos contá-las pelos dedos sequer. Perdemos a noção do que dizemos e de quando foi isso. Sabiamos o que queriamos e do que precisávamos mas agora já não. Olhamos tudo e não vemos quase nada. Os nossos pensamentos são tantos e um só ao mesmo tempo. A corrente, aquela que nos puxa. Subimos e descemos, saltitamos entre a realidade e o sonho, mundos paralelos que se entrevêm. Temos medo mas continuamos a ir com a corrente. With the flow. Gone.
Saturday, June 9, 2007
Gone with the flow
Esta corrente. Dos dias que passam quase sem se dar conta. Das horas que nos fogem sem conseguirmos contá-las pelos dedos sequer. Perdemos a noção do que dizemos e de quando foi isso. Sabiamos o que queriamos e do que precisávamos mas agora já não. Olhamos tudo e não vemos quase nada. Os nossos pensamentos são tantos e um só ao mesmo tempo. A corrente, aquela que nos puxa. Subimos e descemos, saltitamos entre a realidade e o sonho, mundos paralelos que se entrevêm. Temos medo mas continuamos a ir com a corrente. With the flow. Gone.
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2 comments:
Um lago de águas negras e turvas.
O mais provável é ter estado sempre ali, escondido algures. Mas, quando chega a hora, extravasa silenciosamente, gelando todas as células do corpo. Afogas-te nessa torrente cruel, lutando para respirar. Sobes até alcançar um respiradouro ao pé do tecto, sem nunca deixares de te debater, mas o ar que chega até aos teus pulmões é quente e seco e queima-te a garganta. Água e sede, frio e quente - estes elementos, aparentemente opostos, combinam-se para te subjugar.
O mundo é um espaço imenso, mas não vislumbras o espaço que te está reservado, e que nem sequer precisa de ser muito grande, bastando qualquer cantinho. Procuras uma voz, e o que é que encontras? O mais profundo silêncio. Procuras o silêncio, mas só consegues ouvir a voz da profecia. E por vezes esta voz profética acciona um interruptor secreto bem escondido lá no fundo do teu cérebro.
O teu coração é como um grande rio depois de uma forte chuvada, que transborda invadindo as margens. Todos os postes de sinalização que em tempos existiram no local desapareceram, inundados e arrastados pela corrente. E a chuva continua a cair desalmadamente sobre o leito do rio. De todas as vezes que observas nas notícias uma paisagem devastada pela força da corrente, como essa, repetes a ti próprio: É exactamente assim que o meu coração se sente.
esqueci-me de citar... o texto é uma passagem do livro "Kafka à beira-mar" de Haruki Murakami...
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