Friday, October 3, 2008

Solteiros

Não sei o que separa pessoas como eu das que só saem de casa dos pais aos 30 anos ou que nunca chegam a sair. Conheço pessoas de todas as idades, algumas já de cabelos brancos, que nunca tiveram uma casa sua e passam as noites na sala de estar com os pais.
Há duas leituras clássicas: os filhos que saem cedo de casa dos pais "vão destruir as suas vidas", os que saem tarde "não têm vida". Mas todos conhecemos casos em que o oposto é verdadeiro, como todos conhecemos variantes criativas das soluções standard.
Há quem saia de casa e continue a lavar a roupa em casa dos pais ou herde a empregada (que faz uma perninha às quartas-feiras para aspirar e passar a ferro). Há quem saia e os pais paguem a renda "até as coisas se comporem"; há quem saia e vá jantar três vezes por semana com os pais e regresse com tupperwares para o resto da semana.
Entre o medo de sair, a falta de ideias ou a pura preguiça, há dezenas de boas razões para envelhecer em casa dos pais. São os pais que os prendem? Os filhos que se prendem a eles? Quem precisa mais de quem?
...
No Japão, cujo novo primeiro-ministro anunciou com objectivo prioritário tornar o país "mais alegre", há 10 milhões de filhos adultos que vivem com os pais. São tantos (60 por cento dos solteiros e 80 por cento das solteiras), que já têm uma categoria social - são os "solteiros parasitas". São parasitas porque, apesar de terem educação e trabalho, não participam nas despesas da casa dos pais e gastam todo o dinheiro em roupa e objectos pessoais."

("Coffe-break - A casa dos pais, de Bárbara Reis in Ípsilon)


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