Thursday, October 25, 2007

Parafernálias infernais

(foto de Rute Neves em http://www.flickr.com/photos/ruten)

"No princípio era o movimento.
O sopro da sanfona a animar as madeiras.
O riso da mulher que desafia a fronteira,
a linha mais curta entre dois pontos.
O lugar onde se esconde a traição.
No princípio do movimento, a cidade.
Com tabernas e janelas iluminadas e
gente que procura em cada refluxo das sombras
o ruído das formigas. Nómadas que sabem
que o corpo, o gesticular sujo do corpo,
é a matemática dele.
No princípio da cidade, a chama.
A casa das felicidades momentâneas.
O caminho que vai da multidão desarrumada
à sublimação da raridade.
O nome usado para falar da mesma coisa.
A ponte que não se fecha. O inferno dos tolos.
A história que recomeça
de cada vez que o diabo dança.
No princípio do princípio, as vozes que ficam
quando os oráculos desaparecem."

(Parainfernália - Diabo a sete)
(http://www.diaboasete.com)


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